Nota informativa

Nota Informativa:

Desejo salientar a todos que acompanham o blog do programa cristocêntrico, que nem todas as matérias deste blog não diz respeito a filosofia ou doutrina da direção do programa cristocêntrico ou da Assembléia de Deus de Caaporã.

A direção.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

As diferentes traduções da Bíblia e suas polêmicas

Versões recentes, com linguagem mais simples, são alvo de críticas, no entanto, caíram no gosto popular, pois facilitam a compreensão da Palavra de Deus
Da primeira Bíblia traduzida por Martinho Lutero, em 1534, aos dias de hoje, muito se aprendeu sobre a Palavra de Deus. O líder da Reforma Protestante dedicou-se até o fim de sua vida a tornar as Sagradas Escrituras, escritas naquela época em latim, acessíveis ao povo alemão. Graças ao movimento a que ele deu início, muitos podem ler sua Bíblia em qualquer lugar. São mais de seis bilhões de cópias distribuídas no mundo. No Brasil, a tradução da primeira Bíblia em português foi concluída em 1753 por João Ferreira de Almeida.
Contudo, embora a Palavra de Deus seja uma só e imutável, nos últimos anos ficou complicado, para não dizer confuso, fazer a leitura bíblica durante os cultos.  Em mãos, os evangélicos costumam ter diferentes versões da Bíblia, em geral, são cinco: Almeida Corrigida Fiel, a Almeida Revista e Atualizada, Almeida Revista e Corrigida, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Internacional. Como boa parte das denominações evangélicas não se posiciona quanto à indicação de uma tradução que considere mais adequada, muitos não se atentam para estas diferenças na hora de comprar uma Bíblia nova. Geralmente, são seduzidos pelas Bíblias de afinidade – o tradicional modelo com capa de couro preta está perdendo mercado. Só a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) tem mais de 70 modelos, com tamanhos e acabamentos variados. Há Bíblias para todos: Bíblia da Mulher, do Homem, do Adolescente, do Surfista, da Vovó, da Prosperidade, de Estudo, Infantil...
Mas não são estas diferenças estéticas que despertam a desconfiança de estudiosos da Palavra, que fazem algumas ressalvas quanto à modernização da Bíblia. Se, por um lado, as novas versões tornaram a leitura mais acessível – a linguagem é muito mais fácil -, há críticos que alegam que houve alteração no sentido de alguns trechos: “A Linguagem de Hoje se autodenomina uma “tradução funcional”. O grande risco deste método é acabar tendo uma interpretação ao invés de uma tradução. A maioria das pessoas nas igrejas atribuem as diferenças entre as várias versões da Bíblia apenas à tradução, mas é preciso também levar em conta que texto foi traduzido”, alerta Harold R. Gilmer, secretário-executivo da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB), que publica as versões da Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF), consideradas mais clássicas.
Há declarações ainda mais contundentes a respeito: “A Bíblia na Linguagem de Hoje, um livro anticristão”, afirmou o reverendo Leonardo Meznar, também membro da SBTB, em um artigo no jornal “O Presbiteriano Bíblico”. Meznar é diretor da Missão Hebraica de Cleveland (Ohio), e uma grande autoridade do Brasil sobre assuntos do Velho Testamento e da língua hebraica.
A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que publica as versões Almeida Revista e Corrigida, Almeida Revista e Atualizada e Nova Tradução na Linguagem de Hoje, defende-se, argumentando que as críticas não são unânimes e que se esforça para aproximar a Bíblia do leitor. “Não são todos os estudiosos que criticam as novas versões. As traduções da SBB seguem os padrões exigentes das Sociedades Bíblicas Unidas. Como a língua sofre mudanças com o passar do tempo, mudanças são necessárias. O leitor precisa entender o que lê. Outro aspecto a ressaltar é que a Sociedade Bíblica do Brasil não impõe nenhuma tradução. Ela traduz e as pessoas têm o direito de escolher a tradução de sua preferência”, destaca o secretário de Comunicação e Ação Social da SBB, Erní Seibert.
Em números, este alcance também aumentou consideravelmente. Em 2011, a entidade celebrou a marca mundialmente inédita de 100 milhões de Bíblias produzidas desde que a Gráfica da Bíblia foi inaugurada, em 1995, em Barueri (SP).
Dia da Bíblia: os desafios de alcançar todos os povos
Há muito o que se comemorar no segundo domingo de dezembro, quando se celebra o Dia da Bíblia. Em todo o mundo, é possível encontrar as Sagradas Escrituras, completa ou em porções, em mais de 2.527 línguas diferentes, segundo levantamento realizado em dezembro de 2010. Mas ainda há muito a fazer pela disseminação do livro mais popular do mundo. “Nem metade das línguas ainda faladas hoje tem a tradução de ao menos um livro bíblico”, destaca Rudi Zimmer, presidente da Diretoria Mundial das Sociedades Bíblicas Unidas, que congrega 147 Sociedades Bíblicas em todo o mundo - e diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB).
Aqui no Brasil, a preocupação da SBB é aproximar as Sagradas Escrituras dos jovens. “Pesquisas feitas mostram que eles acham as traduções clássicas de difícil leitura. Particularmente, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje é a que está tendo mais aceitação entre os jovens. Eles começam a gostar de ler a Bíblia porque a entendem”, considera Erní Seibert, secretário de Comunicação e Ação Social da SBB.
Qual é a Bíblia correta?
Convictos de que a Bíblia é a Palavra de Deus, entre os evangélicos mais atentos paira a dúvida sobre qual a versão mais adequada e se há de fato o que se preocupar sobre algumas diferenças pontuais entre as traduções mais recentes e as tradicionais.
A SBB reconhece que a Bíblia na Nova Tradução para a Linguagem de Hoje (NTLH), em comparação com a versão de João Ferreira de Almeida, sofreu várias adaptações, inclusive em número de palavras - a tradução de Almeida tem 8,38 mil palavras diferentes e a NTLH, 4,39 mil -, mas que isso não influencia o sentido da Palavra, mas a adapta para uma linguagem simples, popular, sem utilizar gírias e regionalismos e mais próxima do vocabulário dominado pelo brasileiro de cultura média.
A respeito das polêmicas sobre se as novas traduções são confiáveis, o teólogo Rodrigo Franklin de Souza, professor e coordenador da Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, faz uma análise ponderada do assunto:
“Uma coisa é o conceito de “linguagem de hoje” outra é o conceito de “linguagem simplificada”. A meu ver, a chamada “Bíblia na Linguagem de Hoje” é na verdade uma Bíblia em linguagem simplificada. A intenção de tornar a Bíblia mais acessível a mais pessoas é muito nobre, especialmente em um País como o nosso, em que há um déficit muito grande de muitas pessoas com relação à leitura.
Por outro lado, o texto Bíblico é um texto misto, com partes escritas em linguagem que no original é muito simples (Marcos, João, Rute) e outras em que a linguagem é mais “elevada” ( Isaías, Lucas, Hebreus).
Passar a régua e nivelar a linguagem de todos estes textos acaba roubando um pouco da força da Bíblia que está não apenas no sentido das palavras, mas também na beleza com que o texto foi escrito. Além disso, existe sim o perigo que na intenção de simplificar o texto, acabe se distorcendo também sua mensagem.
As polêmicas em tornos das traduções no Brasil são marcadas por “mais calor do que luz”, isto é, embora algumas questões de extrema importância estejam em jogo, as polêmicas muitas vezes não levam a lugar nenhum. Isto se dá por diversos fatores, mas destaco a falta de preparo técnico dos polemistas, que decidem em favor da superioridade de uma versão A ou B com base nas suas preferências pessoais, convicções doutrinárias e opiniões de terceiros (também nem sempre autoridades no assunto) sem que seja feita uma comparação mais aprofundada sobre os textos”.
Conheça as versões da Bíblia
Almeida Revista e Corrigida (ARC)
Atualmente existem três versões diferentes com o mesmo nome “Almeida Revista e Corrigida”, uma produzida pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), outra pela Imprensa Bíblica Brasileira, e outra pela Sociedade Bíblica de Portugal, sendo as três muitos semelhantes. Segue o Textus Receptus*, porém em alguns trechos, versões mais recentes do texto seguem o Texto Crítico**. Foi a primeira Bíblia em português totalmente editada no País, nos anos 40, e serviu como base para outras edições, como a Almeida Corrigida Fiel.
Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Uma das mais usadas pelos protestantes brasileiros, baseia-se no chamado Texto Crítico** do originais grego e hebraico, em vez de seguir o tradicional Textus Receptus*. É caracterizada por um equilíbrio entre a linguagem erudita e a popular, evitando arcaísmo. Foi editada pela primeira vez em 1959 pela Sociedade Bíblica do Brasil.
Almeida Corrigida Fiel (ACF)
A sua principal característica é se basear exclusivamente no Texto Massorético*** hebraico para o Antigo Testamento e no Textus Receptus grego para o Novo Testamento. O método de tradução utilizado é a equivalência formal, que procura manter as classes gramaticais do original para a tradução. Palavras adicionadas à tradução sem estarem presentes no texto original, com o objetivo de aumentar a clareza, são marcadas em itálico. Foi produzida e publicada pela primeira vez pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil em 1994.
Nova Tradução na Linguagem de hoje (NTLH)
É uma das traduções da Bíblia no Português Brasileiro. Foi lançada no ano 2000 pela Sociedade Bíblica do Brasil e adota uma estrutura gramatical e linguagem mais simples e coloquial, o que a torna mais voltada às pessoas que ainda não tiveram nenhum ou pouco contato com a leitura bíblica clássica. Norteou-se pelos princípios de tradução de equivalência funcional ou dinâmica, sempre com o objetivo de adotar o sentido dos textos originais para um português mais acessível.
Nova Versão Internacional (NVI)
A Nova Versão Internacional é uma das mais recentes traduções da Bíblia. O texto foi traduzido de forma que pudesse ser lido pela população em geral sem muita dificuldade, porém sem ser demasiadamente informal. Arcaísmos, por exemplo, foram banidos, e regionalismos evitados. Seguiu uma tradução mais funcional, procurando trazer o significado pretendido no original para um português natural e compreensível. Começou a ser produzida em 1990 e é publicada pela Sociedade Bíblica Internacional e Editora Vida.
Dicionário
* Textus Receptus, também conhecido como Texto Recebido, Texto Majoritário ou Texto Bizantino, é a denominação dada à série de impressões, em grego, do Novo Testamento que serviu de base para a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei James e para a maioria das traduções do Novo Testamento, inclusive a tradução de João Ferreira de Almeida.
**Texto Crítico é o texto do Novo Testamento conforme os procedimentos da crítica textual. Também é conhecido como Texto Minoritário por ser mais fortemente baseado na minoria dos manuscritos do Novo Testamento atualmente existentes.
*** No século VI, escribas judeus reuniram os textos considerados inspirados por Deus, utilizados pela comunidade hebraica, em um único escrito. O grupo recebeu o nome de “Escola de Massorá”. Os “massoretas” escreveram a Bíblia de Massorá, comparando todos os textos bíblicos conhecidos à época. O resultado ficou conhecido como o “Texto Massorético”.
Curiosidades Bíblicas
A Bíblia na Nova Tradução na Linguagem de Hoje tem 31.103 versículos. A Almeida Revista e Atualizada tem 31.104 versículos (o final de 1 Samuel 20.42 se torna o versículo 43) e a Almeida Revista e Corrigida tem 31.105 versículos (além de 1Samuel 20, o final de Juízes 5.31 se torna o versículo 32).
A Bíblia foi traduzida e publicada mais do que qualquer outro livro na História. O livro mais traduzido da Bíblia é o Evangelho de Marcos, disponível em cerca de 900 línguas.
O documento mais antigo que traz um trecho da Bíblia é um fragmento dos Rolos do mar Morto, encontrado próximo da costa do mar em Israel. Escrita em torno de 225 a.C., a passagem é de um dos livros de Samuel que faz parte do Antigo Testamento.
“Bíblia” é uma palavra que não aparece na Bíblia. Ela vem do termo grego biblos, por causa da cidade fenícia de Biblos, um importante centro produtor de rolos de papiro. Com o tempo, a palavra passou a significar “livro”. Biblia é a forma plural (“livros”). Ela também é conhecida simplesmente como “o Livro”, “o Livro dos Livros”, “o Livro Sagrado”.
Vamos ler a Bíblia?
Bastariam 15 minutos por dia, ao longo de dez meses, para se ler a Bíblia inteira. A estimativa é de Amós Oliveira, o idealizador do concurso Vamos Ler a Bíblia, que testa os conhecimentos dos leitores das Escrituras no site www.vamoslerabiblia.com.br. Em sua terceira edição, cerca de 5,3 mil pessoas de todo o País participam do desafio, concorrendo a uma viagem a Israel, que será dada ao participante que fizer mais pontos em todas as provas. O concurso se encerra no final de janeiro de 2012.. “Graças a esta competição, muitas pessoas adquiriram o hábito de ler a Bíblia, que é o grande propósito desta iniciativa. As provas aplicadas mensalmente aos participantes são de acordo com determinado trecho bíblico pré-determinado, e para fazer mais pontos é preciso ter lido aquele trecho”, explica. Ao todo, são dez provas e a cada avaliação os participantes que fizeram mais pontos são premiados como uma câmera fotográfica digital, um celular desbloqueado e um MP4 player, para o primeiro, segundo e terceiros colocados, respectivamente.
Amós afirma que todo cristão deve ter conhecimento da Bíblia e lamenta o fato de o livro mais popular no mundo não ser necessariamente o mais lido: “Uma recente pesquisa dava conta que metade dos pastores  e líderes evangélicos nunca leram a Bíblia inteira,  o que é lamentável”.